Quando eu vim morar no Rio eu atendia as noivas no Cafeína. Um café/restaurante que tem em Copacabana. Eu dividia o apartamento com um amigo então eu preferia atender fora de casa. Fechei quase todos os casamentos da época nesse lugar. Não me lembro mais como as noivas começaram a chegar. Algumas fotógrafas começaram a me indicaram logo que souberam que eu estava vindo de Recife pra cá como minha amiga Fabricia que falei anteriormente, a fotógrafa Juliana Pessoa que nem me conhecia me mandou muitas noivas e caba que uma indica a outra. E as coisas foram acontecendo…
Eu tinha vindo pro Rio de mala e cuia, ou melhor de mala e caminhão de mudança. Apesar de algumas pessoas terem dito para eu não levar a mudança, vai que não dá certo e você volta, eu não estava indo pro Rio pra testar. Eu estava voltando pra minha cidade! E vim assim, com a cara e a coragem. Hoje eu lembrando eu só penso: sem filho tudo é possível heheheh e na verdade, apesar de não fazer tanto tempo assim, 2008, a época era outra. Não tinham bilhões de fotógrafos de casamento, não tinha crise econômica no país, nunca tinha se casado tanto. Eu estava bem. Vim pro Rio com somente um casamento marcado e em 2010 eu ganhei meu primeiro prêmio!
Em quinto lugar no primeiro concurso do Wedding Brasil ficou essa minha fotografia da Irene cercada pelas amigas na Confeitaria Colombo. Nem acreditei!! Estávamos eu e várias amigas fotógrafas no evento e foi aquela farra! Engraçado como que nessas horas você não sabe o que pensar… NUNCA imaginei que pudesse ganhar… mas me lembro de pensar na minha vó, aquela do Episódio I que me deu o dinheiro para a minha primeira câmera digital e nos meus pais. Por quê? Eu queria dizer: consegui! Sei que ficaram preocupados comigo, mas eu consegui!
Massss logo depois, num dia qualquer, eu acordo cedinho com o telefone tocando primmmmmmm
– Oi amiga… Zzzzz
– AH!!! Você ganhou! Você ganhou!!!! Primeiro lugarrr!!! (gritos)
– O que menina??? ganhou o quê?!
Era a Fabricia me dizendo que…
Eu tinha ficado e PRIMEIRO lugar com a mesma fotografia no prêmio do ISPWP (Sociedade Internacional de fotógrafos de casamento profissionais, pois é isso existe) E AINDA em quarto lugar com a mesma noiva na categoria movimento:
Puta que pariu!! Sério! Eu não sabia neeem o que fazer! Não era alegria, era sei lá, uma resposta, uma consagração “menina, você estava certa, mesmo com medo você veio, parabéns!” era isso! Eu não me achei melhor, nem fiquei mais cara, rsrs, nem nada disso, era uma coisa minha, da alma, de agradecer por eu ter seguido meu sonho. De ter vindo pro Rio sem saber como que eu pagaria o próximo aluguel, sem saber nem com quem eu ia dividir o apartamento!! Ok, o Bruno virou um irmão, mas eu não sabia quem ele era! Eu vim sem saber se eu seria bem recebida, se minha fotografia era considerada boa aqui também e todas as inseguranças que alguém tem… Mais a crise de pânico que vez ou outra dava um alô, mas já contei isso no Episódio III. Ah, esqueci de dizer que com esse prêmio eu fui rankeada naquela época entre as Top 20 e Top 10 do mundo. Oi? Até parece hahaha mas enfim, ok obrigada amei! Vamos continuar a caminhada!
O legal de ganhar prêmio é isso, saber que está no caminho certo! Saber que você não deixou pra trás todas as pessoas, mas sim agregou tudo que viveu no seu coração, na sua história, como eu contei em algum capítulo aí. E dá mais visibilidade, claro, credibilidade para quem não te conhece saber quem você é e o que você faz. Outros prêmios vieram, mas o primeiro… ah! O primeiro é inesquecível!!! E logo em primeiro lugar! A história dessa fotografia eu contei aqui, numa série que fiz chamada “Por trás da fotografia” que aliás é uma série que eu deveria voltar a fazer. A Editora Photos republicou todos os posts, mas depois o Francisco chegou pra abocanhar meu tempo todinho para ele… e parei de escrever.
E assim eu vivi os tempos áureos da fotografia de casamento! Trabalhei muito, muito mesmo, ganhei dinheiro. Fiquei estafada, sem final de semana livre, dor nas costas… e sem namorado! Como eu ia conhecer alguém se eu só saía pra trabalhar?? Foi um tempo bom porque eu conheci muitas pessoas queridas que se tornaram amigas. Eu tive ex-noiva que depois que se separou passou o Natal na minha casa de tão próximas que ficamos! Imagina?!
E sabe porque era bom fotografar? Porque era leve, divertido, espontâneo! As pessoas que trabalhavam juntas, em geral, se gostavam, ou se respeitavam. Mas o mercado mudou. E como mudou! Uma enxurrada de fotógrafos que compraram uma câmera digital invadiu o mercado, cerimonialistas se multiplicaram, decoradores, maquiadores, em cada casamento era um diferente. Você não conhecia mais ninguém. A brincadeira ficou muito séria, no sentido chato da palavra. Muitas noivas viraram neuróticas com tantos blogs e revistas especializadas no assunto. Chegavam com recortes ou prints ou fotografias dos outros pedindo igual. Pediam até para eu repetir minhas próprias imagens. E o que era um trabalho leve e criativo, tomou rumos diferentes. Algumas noivas se preocupavam mais em sair na Revista do que em ter suas fotos lindas num álbum. Ai de você se não fotografasse a decoração inteira e cada doce da mesa. Ai de você que não enviasse as fotos no dia seguinte para a decoradora, para o cerimonial, para as revistas! E todo mundo começou a ganhar dinheiro em cima das nossas fotografias. Blogs, revistas, todo mundo! Não ganhamos nem um tostão, mas todo mundo usava nosso talento para demonstrar como eles eram bons: decoradores, costureiros, cerimonialistas etc etc. Cedemos imagens para livros, mas temos que pagar para termos o livro. Ai de você que não participe. Eu sempre pensei: rádio. Rádio vive de música, mas paga para tocar a música. Tem jabá, ganha dinheiro, mas paga pra tocar as músicas. Fotografia não! Os blogs vivem das nossas fotografias, nós damos dinheiro para eles. Mas não ganhamos por isso, pelo contrário. Loucura, né? Ai de você que fale sobre isso…
E como diz uma amiga minha: saudade da época que você atendia a noiva, mostrava seu trabalho, os álbuns, batia um papo… ria… e ela podia fechar com você ou não. Hoje em dia… Hoje em dia, você tem que fazer curso de marketing e vendas e gestão de negócios para convencer a cliente de que você é a melhor opção para o negócio dela.
Desculpa. Pra mim cliente se chama “noiva fulana”. Meu marketing é ser eu mesma e meu trabalho e minha história de vida é o que eu tenho de melhor para dar a ela, caso as nossas energias se cruzem, caso ela vá com a minha cara e queira que eu e minha energia estejamos presentes naquele dia tão especial. E assim eu tenho muitas, muitas noivas que são amigas minhas. E felizmente, ou não, eu só sei viver assim. E só assim eu consigo fazer imagens únicas. Minhas. Minhas e delas… sem querer… olha isso que recebi hoje e repostei no meu Instagram, isso SIM, é UM PRÊMIO DE FOTOGRAFIA!
LEIAM o TEXTO DELA:
E ela escreveu pra mim depois que me desmanchei no inbox:
Sabe o que é, né? Eu gosto de avós 😉 snif…
Ufa! 🙂 Achei que ia escrever pouco dessa vez mas me empolguei…
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Tudo: