Para comemorar meus dez anos de fotografia de casamento resolvi contar histórias por aqui. De casamentos, de fotografias, da minha vida. Muita gente me pergunta de onde eu sou porque tenho um sotaque misturado. Sou carioca. Toda a minha família é daqui do Rio, mas como papi era médico da Marinha, nos mudamos muito. Então, rodamos entre Rio-Brasília-Salvador-Recife algumas vezes.
Sabe como eu decidi ser fotógrafa? Na faculdade de jornalismo eu era monitora da cadeira de fotografia e tinha que dar algumas aulas, então eu estudava profundamente o assunto para ensinar aquela matéria e me lembro de pensar: isso faz muito sentido! O que eu achava difícil eu estudava mais e ia entendendo como a luz fazia com que os haletos de prata virassem uma imagem. Isso nem existe mais, mas eu na época decidi: vou fazer fotografia! Tudo que eu leio, até o que não entendo, faz sentido, entra na alma, dá vontade de saber mais. Pronto, foi assim que decidi hahaha! É sério.
2001, 2002, 2003 – Eu queria fotografar TUDO! Eu era estudante/ depois recém formada e “frila”. Me lembro que tinha uma casa de repouso para senhoras no final da minha rua e toda festa eu estava lá contratada, registrando tudo em filmes! Fotografei para a seleção brasileira de Volley quando foram a Recife e até produtos para uma loja de artesanato. O meu negócio era fotografar! Mas eu gostava de fotografar gente! Fotografava minha família, minha vó que eu sabia que não duraria muito mais pela doença dela… Fotografava em filme PB e revelava na faculdade. Nessa época também, resolvi dar aula de fotografia numa ONG chamada Pró Criança (soube há pouco tempo que o local pegou fogo). Era aula de laboratório e técnica fotográfica incluindo pinhole. Eu tinha muitos alunos das comunidades do entorno. Tenho fotos e mais fotos dessa época, tudo em filme! (Vou tentar passar algumas para cá) Eu recebia R$350 reais para dar aula 3x por semana, me lembro bem!! Até hoje uma ex-aluna chamada Rafaela se comunica comigo pelo facebook! Era uma época gostosa! Onde a fotografia era meio de instrução, diversão e sabedoria.
Minha vó Carmen, que na época tinha câncer, que loucura, nunca imaginei ela com câncer, até hoje não a vejo assim, já que ela acabou falecendo de um acidente, me deu de Natal um envelope que tenho guardado até hoje dizendo: para minha fotógrafa favorita. Era o dinheiro que faltava para comprar minha primeira câmera digital em 2002. Eu chorava tanto… querendo trocar aquele dinheiro pela saúde dela… Mas a escolha, infelizmente, não era minha. E a aí comprei a minha primeira câmera digital, uma Canon 300D.
Até que eu terminei um longo namoro, daqueles que sua estima fica abaixo do pé e resolvi colocar a câmera num tripé e me fotografar. SIM! Eu fiz o exercício de me olhar através da minha lente. Eu disparava e corria, nada de pau de selfie nem controle remoto. Quando eu vi as fotos eu pensei: poxa, nem sou gorda como ele diz, nem sou feia como ele acha. E a partir daí, resolvi fotografar a mulherada pra mostrar pra elas que somos LINDAS! E veio uma enxurrada de gente e eu fotografava todas: nuas, de lingerie, sexy, femininas . Era como elas queriam se ver e eu mostrar. Meu trabalho sempre teve a MULHER, o feminino, a fêmea como base, como motor, como tesão e meu instrumento de trabalho. ATÉ HOJE.
Eu fotografei meu primeiro casamento quando eu tinha 25 anos (ô! que tempo bom!). Nessa época, eu tinha acabado de deixar o cargo de professora substituta da cadeira de fotografia da Universidade Federal de Pernambuco e minha amiga Duda falou: Mariana (a irmã dela) vai se casar, você não quer fotografar?
– Claro que não! Nunca nem fui num casamento! Que responsabilidade!
– Vai ter o fotógrafo tradicional, você fotografa o que quiser! – E aí foi que tudo começou, no início era assim “vai ter o fotógrafo tradicional, faz o seu”.
– É???? ta bom!
Meu preço acho que foi 600 reais, Duda pode confirmar depois. Eu NUNCA tinha ido num casamento a não ser com 10 anos de idade, eu tinha 25. Eu NUNCA tinha visto uma noiva de perto, apesar de parar sempre na frente das igrejas quando via um casamento. Tem até uma crônica minha contando isso aqui. Crônica que eu acabei de reler, de 2009, e fiquei emocionada em ver COMO eu GOSTAVA MUITO de fotografar casamento! Digo no passado porque me refiro aquela Carolina que escreveu o texto em 2009 🙂
Então, Duda me chamou e eu FUI! E dia 3 de dezembro de 2005 eu vi, pela primeira vez, uma mulher se transformar em NOIVA. E eu que nunca tinha visto uma cerimônia de casamento, já fotografei quase 300. O fotógrafo tradicional, oficial do casamento era o FotoBeleza e quem fotografava por eles nesse dia era Bosquinho Lacerda, que hoje em dia tem seu próprio estúdio, o “Estúdio Lacerda“. Bosco tem a família inteira de fotógrafos e pra mim foi uma grande honra estar com ele nesse dia e anos e anos depois, fotografar seu casamento com uma também Mariana.
E daí? E depois? E depois, eu recebi uma ligação: Oi, você é a Carol Pires? – Sou (??) – Você faz fotografia de casamento? – Não. Eu fiz um. – Eu queria também. – O quê? – Fotografia de casamento. – Mas eu só fiz um! Como você sabe?! – Eu vi as fotos, no Orkut, Mariana postou, eu quero.
E lá fui eu com meia dúzia de fotos impressas tamanho 15x21cm mostrar meu trabalho para a primeira noiva a fechar comigo sem me conhecer: Polly. E foi exatamente assim: Eu só fiz um casamento, as fotos são essas. – Tá bom, eu quero! E “essa” Polly se tornou uma grande querida na minha vida! E toda vez que vou a Recife dou um jeito de pelo menos, dar um alô. O preço? R$1100,00. E minha carreira estava só começando!
PS: Se você foi minha noiva, publica as suas fotos preferidas no instagram e facebook com a #fuiNoivadaCarolPires #(ano do seu casamento) MAS tem que ser um perfil ABERTO senão não vejo 🙁 e no facebook coloca para ser visto por todos! 🙂
Duda ao fundo vendo a Mari se tornar noiva!
Eu sempre fui atenta às fotos com a família, é uma coisa minha mesmo.
Na rua, embaixo do prédio onde ela morava e se arrumou, na Avenida Boa Viagem.
Sempre gostei de movimento…
DE NOVO PS: Se você foi minha noiva, publica as suas fotos preferidas no instagram e facebook com a #fuiNoivadaCarolPires #(ano do seu casamento) MAS tem que ser um perfil ABERTO senão não vejo 🙁 e no facebook coloca para ser visto por todos! 🙂
E sobre meu trabalho com o feminino, fotos da exposição FEMINA (2006) a qual fiz parte na Galeria Arte Plural, no Recife. SEMPRE o Feminino 🙂
Eu (magrinha meu Deus!) com o saudoso grande fotógrafo Alcir Lacerda e parto do Quinteto Violado.
E as fotos:
Lívia
Fiorina
Lídia
Lívia
Tudo estava começando…
(continua em outros posts…)
Carol 🙂
_______
Tudo:
Episódio X e último!