Essa “crônica” eu escrevi para mim mesma em 3 de novembro de 2008. Como vou me mudar novamente, tive a necessidade de relê-la. Foi editada porque no meio tinham conteúdos não importantes por agora. Quase uma apologia a Copacabana 😀 segue:
Estou morando no Rio. Em Copacabana. Viver aqui é querer aproveitar os raios de sol mais do que em qualquer outro lugar onde se trabalhe. Andar por Copacabana é se esbarrar em pessoas o tempo todo. É ter 24h um supermercado aos seus pés. É desviar do mendigo que dorme na sua porta para entrar ou sair de casa, é atravessar a rua correndo, odiar as pessoas que distribuem papeizinhos de propaganda de tudo: de dentistas a sexshop. Na rua, vendem-se bolsas, sapatos, relógios, bugigangas, óculos de sol. Buzinas, ônibus, metrô. A rua amarela de táxis. Passos pelo chão. Pés, pernas, rodas, sobre pedrinhas portuguesas, calçadas largas e cheias de vida. Vitrines, luzes, cheiros, músicas. São tantas informações sobre onde ir e o que fazer que o melhor é sentar num boteco e beber. Informação sobre show, teatro, briga, tiroteio, protesto, trânsito, celebridades.
Respiro fundo o ar poluído e ele faz bem aos meus pulmões. O frio e o calor, a chuva ou o vento, são daqui. São meus, porque eu que escolhi, eu que quis, eu que pari, eu que acreditei, eu que fui atrás, eu que estou feliz no meio desse caos. O meu caos! Os caminhos são outros, os sinais de trânsitos, as prateleiras no supermercado, a distância entre o dedo do meu pé e o armário do banheiro, entre a mão e o interruptor, o tempo do elevador, o tempo do sol na janela.
Tudo novo. Novo que não tenho medo que fique velho. Sinto-me mais nova, mais leve, mais poesia. Como em toda fotografia, tudo sempre pode ficar um pouco melhor. E já está ficando. E depois um pouco “mais” melhor e assim por diante. Sempre. Eu sou inconstante, inquieta. Sou. Mas com o que “já é bom”, minha inquietude é que continue bom e melhore sempre.
Eu não quero o novo pelo novo e nem trocar por trocar. Eu não quero mais, eu não quero muito, eu não quero vários. Eu não gosto de números, eu gosto de cores. Eu quero melhor. Eu quero muito bom. Eu quero rir. Eu quero momentos, lembranças. Fotografias. Ah… andar em Copacabana te faz acreditar que tudo é possível!