Amiga linda, eu estava deitada, vencendo minha insônia, quando pensei em te escrever. E o texto foi todo se passando, frase a frase, na minha cabeça. Tenho que escrever logo isso antes que eu me esqueça. Amanhã vou ter mil coisas a fazer e, sim, vai passar batido. Levantei, e cá estou, 2:40 da manhã.
Primeiro, quero agradecer a você por ser quem você é. Uma pessoa que sabe o que quer e não tem preguiça de viver.
Eu tenho nervoso de pessoas que não sabem o que querem! Tem gente que não sabe se quer morar nessa ou naquela cidade, aqui ou ali. Não sabem se querem ficar sozinhos ou acompanhados. Não sabem nem se amam ou não. Se ainda querem ou não uma ex alguma coisa. Não sabem nem o que não querem!
Tenho preguiça de pessoas acomodadas. Que não estão satisfeitas com o trabalho e não fazem nada diferente. Eu tenho preguiça de pessoas que arrastam relações. Tenho preguiça de gente empacada, que deixa a vida levar… só levar… eu tenho muita preguiça de gente com preguiça de vida!
Eu gosto de gente feito você, amiga! E gente como eu também. Esse negócio de deixar a vida levar só funciona quando tomamos alguma decisão. Aí a vida leva depois para um lugar que não sabemos onde é, mas leva!
Eu gosto de gente feito você! Que é independente, que é inteligente, que é meiga, criativa, sensível e doce. Eu gosto de gente que escolhe, ou “desescolhe”. Eu gosto de gente que muda de sonho. Eu gosto de gente que constrói.
E aí você me diz: “Essa coisa de viver pode doer muito, né? Engraçado é que quem olha pensa que é fácil.” – Sim, todos pensam que tudo é fácil depois que você já fez! Depois que se entrega, que se separa, depois de mudar de cidade, de país, depois que você ganha o Oscar, nossa, que fácil! Ninguém estava perto durante a caminhada.
Pessoas que nem nós, amiga, choram rios. Desidrata! Simplesmente porque temos a consciência do bolo em que estamos envolvidas. As atitudes são tomadas com consciência! E dói! E arde! Mas, sei lá por quê, temos a mania de achar que a vida vai nos levar a um porto seguro. Não é coragem, não é força, não é garra, é simplesmente a doçura e a pueril esperança de que as coisas vão melhorar. E melhoram. Mas não foi a vida que nos levou. Nós que deixamos e fizemos com que ela nos levasse. A gente dá o norte e ela leva.
Meu deus! Quantas pessoas adiam decisões por mil motivos, os mesmos que ignoramos para tomá-las? A melhor frase que chegamos a conclusão sobre nós mesmas, veio na praia: “Não sei ser diferente”. Não sei ser meio, nem morno nem mais ou menos.
E depois de tanta preguiça com tudo, você me vem com essa frase genial, esse pensamento simples demais e tão difícil para acontecer: “Carol, tive exatamente isso que você tá falando: preguiça de gente que se enfia em roubadas tão roubadas, que não sabe pra onde ir, como ir, o que fazer. Gente que se prende nas minúcias da vida: o aluguel, a porra da tv que comprou junto, a cama, o jogo de sofá… e como não querem abrir mão de tudo isso, acabam abrindo mão de si mesmos. Por mais difícil que seja a caminhada, eu juro que não estou nesse grupo.”
Nem eu.
Nunca estivemos.
Não tivemos preguiça de fazer diferente.
MUITO OBRIGADA por existir! MUITO OBRIGADA por VIVER! Não é fácil, mas estou aqui com a mão estendida, agachada, vendo você pular de uma montanha para outra. Você não vai cair. Tem muitas mãos pra te segurar, inclusive a minha.
PULA.
Carol
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