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Crônicas

Crônica de uma mãe de primeira viagem

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Como toda mãe sabe e quem não é mãe, acha, coitada, que sabe, ter filho dá trabalho. Mas não é bem “trabalho”. É dedicação. Sabe o que é isso? É dedicar sua ação. Tudo é feito para, por e em função dele. Estou falando de mim, sem babá nem empregada e que conto com ajuda da minha mãe quando ela pode, graças a Deus, obrigada, mãe!  E conto com a ajuda do pai, ufa! Queria ter uma babá. Pelo menos para dividir o colo enquanto tomo banho.

Mas não foi esse o motivo que me levou a escrever. É que eu reclamo tanto. Eu leio e escuto tanta reclamação de ter filho pequeno… Só que trabalho, pelo menos o meu, é bom, eu amo e mesmo assim tem horas que cansa. É isso. Filho dá trabalho. E antes de ter filho sempre pensava que não era possível esse amor todo que diziam já que a peste chora, te acorda, te suga, tira seu tempo, seu espaço, sua rotina.

Mas é. É possível! E eu descubro isso de maneira tão bonita… Porque amor é dar, doar e querer ver o outro bem e feliz e é só o que eu faço! O amor cresce toda vez que ele me olha enquanto amamento. O amor aparece quando ele se aninha e dorme encostado no meu coração. Eu olho pra ele e imagino seu futuro, o que será que ele vai ser? Quantas pessoas vai amar? Que profissão ele vai escolher? E esse pezinho fofo vai virar um 42?

Mas o amor mesmo é a certeza de que ele precisa de mim e eu posso nutrir a alma dele. Ah sim, chorei de manhã cedo de sono enquanto ele chorava de fome. Mas quando me levanto pra saciar é, na verdade, pra dizer a ele que não se preocupe, cheguei, vai tudo ficar bem. E fica. E quando não sei porque ele chora, tenho certeza de que seja lá qual for o motivo, ele precisa de mim. E eu dele.
E ele me ensina a ser calma. Quando a garganta vira caixa de som, quando o sono não chega nunca, quando os braços e pernas se movem sem parar, quando a madrugada vira dia, quando eu quero mais 5 minutos de cama e ele quer imediatamente a mim, eu aprendi a respirar e tranquilizar o coração. Só assim ele pode se acalmar. A irritação vem, claro! que nem avalanche. Mas sei lá como eu fui desenvolvendo uma paciência de Jó com uma única explicação: ele só fica tranquilo se eu estiver também. Então vamos juntos.

O amor vem da vontade de levar pra passear às 7 ou 8h da manhã porque é o melhor sol. E eu era uma pessoa que não marcava nada as 9h porque era capaz de não conseguir acordar. O amor me fez criar uma rotina de mamadas, passeio, banho, sono. Só porque dizem que é importante o bebê ter uma rotina. É importante então eu faço. Meu filho me ensinou a confiar em mim mesma e no meu instinto. Ele me instiga a procurar informações para melhorar nossa relação!

Eu já não choro com saudade da vida que eu tive. Eu já não tenho tanta saudade de ser quem eu era. Quem eu era?
Já não sinto falta do boteco como antes. Eu já não choro quando saio do chuveiro enrolada na toalha e shampoo no cabelo porque ele acordou aos prantos. Eu, pasme, acho engraçado e sei que vou poder acalmar o Francisco. Óbvio que preferia que alguém estivesse ali pra ajudar, mas se estivesse, também só eu seria capaz de dar o peito.

O amor cresce, constrói. Eu pari alguém que não sabia quem era! Eu coloquei na minha vida, na minha casa, no meu sono, no meu quarto, na minha rotina, alguém que eu não sabia lidar, não conhecia. Nem eu a ele nem ele a mim.

Hoje eu conheço o seu soluço. O jeito que ele gosta de dormir. Percebi que ele adora meu carinho nas suas costas e cabeça. Eu sei quando ele vai sentir calor. Fiz ele adorar o banho e ele retribui com a paz. E eu fico ainda mais feliz com isso! É um alívio quando ele dorme, mas revejo fotos e escrevo sobre ele enquanto faltam poucos minutos para acordar. E acorda ora resmungando ora berrando. No início eu ouvi o choro dele e sonhei que era o filho do vizinho. Cansaço. Hj ele respira diferente e já espero ele acordar.
É uma rotina sem rotina. Uma caixa de surpresa! Um dia dorme mais outro menos. Um dia aprende a rir com a boca toda, outro suja seu vestido lindo de cocô. E tudo faz parte. E tudo é aprendizado, experiência. Continuo cansada, continuo querendo apertar o “soneca” quando ele chora as 6:30, vez ou outra quero ir a algum lugar que ainda não posso porque duas horas me separam dele. Qualquer coisa que eu faça longe não pode passar do tempo da fome. Mas mesmo assim, que loucura, eu finalmente entendo essa imensidão de delicia que é ter um mini ser humano dependendo de mim e descubro que, na verdade, sou eu quem dependo dele. E isso eu não sabia. Pra ser melhor, pra esperar, pra acalmar, pra ter paciência, desacelerar, acordar, fazer planos só pro futuro. Nada é urgente e nada é pra agora. Nem o telefone, nem o email, nem a louça na pia, nem a roupa pra lavar.
Só ele. Só sua fome seu sono seu banho seu leite sua fralda.
E nossa troca infinita.

Amo você cada dia mais, querido filho Francisco.
1 mês e 16 dias de vida.

fotos: Tulio Thome

CPR00675ACPR01400CPR01416CPR01415CPR01412CPR01422

 

Carol

____________

Como estou de licença maternidade, tenho dado vazão a minha necessidade de escrever e, como sempre, meus temas são a minha vida. Leia também “O nascimento do Francisco”

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